Alguns dias atrás, eu estava analisando três crianças, na verdade, duas crianças e um adolescente. Estava analisando como eles agiam e as suas diferenças. Comecei a lembrar da minha própria criação e já tendo trabalhado com crianças, fiz um resumo das minhas observações.
É normal ver crianças pequenas fazendo birras, e chorando por tudo. Quando elas não conseguem algo, elas simplesmente choram, geralmente para conseguir a atenção dos pais e como forma de manipulação.
Isso vem de um processo natural, assim que uma criança nasce, ela ainda não possui meios de comunicação a não ser o choro, então se elas estão com fome, elas choram…. se estão com sono, choram…. se estão doentes, choram… se querem atenção, choram. Elas não tem outra opção.
Penso que quando a criança adquire a fala, ela ainda não possui muita habilidade e por isso, os choros e birras são frequentes, isso também é natural, mas deveria deixar de ser quando a criança já possui capacidade suficiente para pedir, para se comunicar.
O que eu percebo em muitos pais é que eles agem como isso ainda fosse natural; “ah, ele é ainda tão pequeninho”. Mas um erro NUNCA deveria ser considerado natural, pois o próprio Deus não vê erros como algo da nossa essência. Obviamente, uma criança ainda muito pequena, não sabe se comunicar muito bem; agora a questão não é física – ela já possui a habilidade, mas é uma questão social – ela ainda não aprendeu como usar essa habilidade de uma forma total.
Nesse momento, é papel dos pais ensiná-las a se desenvolver justamente nessa área, mostrando que a melhor forma de conseguir algo, é simplesmente pedindo de uma forma educada. E que na vida, recebemos vários nãos, mas no caso da criança, o não sempre é a melhor resposta.
Todavia, o que eu percebo em nós adultos é que quando chega na fase do saturamento de choradeiras e birras, nossas respostas às crianças são geralmente aos gritos: “pare de chorar”. Nós não entendemos que se nós não ensinarmos que há algo melhor, já na criança para ela fazer, ela simplesmente usurá aquilo que ela sabe que dá resultado.
Quando a criança já não é mais tão pequena, nossas respostas já mudam, começamos a falar que elas já são velhas demais para fazerem daquele jeito. Ou que por ter aquela idade, ela já deveria ter aprendido aquilo. Mas será que em algum momento, nós paramos para ensiná-las?
Eu lembro quando eu era criança, minha mãe não me deixava fazer nada em casa, quando eu cresci, às vezes, ela vinha me mandar fazer algumas coisas e obviamente 1) eu não queria fazer; 2) eu não sabia fazer. E então eu perguntava a ela como eu ia fazer algo que nunca tinha aprendido e muitas vezes a resposta era pautada justamente na afirmação que por eu já ter certa idade, eu deveria já saber fazer.
Nossa geração está lotada de pessoas que possuem diversos problemas comportamentais, sociais, nas emoções, etc. Muitas vezes, nós olhamos essas pessoas e a julgamentos por não fazer aquilo que achamos ser mais correto, ou por fazer aquilo que achamos que elas não deveriam mais fazer. Isso acontece tanto num âmbito secular, como dentro da igreja.
Só que da mesma forma que essa criança, ou esse adolescente, que já cresceram um pouco mas nunca foram ensinados a comunicação, poderá ter algumas dificuldades nessa área, ou demorará mais tempo do que o normal para amadurecer, às vezes, é exatamente isso que acontece com as pessoas ao nosso redor.
Talvez elas ajam da forma que agem, não porque elas querem ser daquela forma, mas simplesmente porque elas não conhecem uma forma melhor.